quinta-feira, 16 de julho de 2009

Necessidade

Ele é assim meio desligado, meio ligado demais. Ele é doce como um pote de mel cheio de abelhas o rodeando tentando desenroscar a tampa. Ainda não aprendi dizer não pra ele, aqueles olhos expressivos, apertadinhos e espertos me deixaram apaixonada desde o primeiro momento. Ele tem as mãos mais macias que minha pele já sonhou, e como adoro mãos. Ele, apesar de tudo, consegue me irritar como ninguém! me faz descer do salto legal, daquelas descidas inimagináveis e sem sentido, pois só com ele eu discuto o mesmo assunto por três horas seguidas, tudo regado a lágrimas, alterações e risadas irônicas, pra depois assistir o por do sol na varanda agarradinha nele.. vai entender.. Eu ainda não percebi o que causa tudo isso, se é o medo de não sentir mais o cheiro do seu cabelo no travesseiro ou uma teia gigante que cerca nossa vida e nos deixa sem saída alguma, voltando sempre, invariavelmente, para os braços um do outro.. Nunca acreditei em amor romântico, ou nunca quis acreditar, porque sei das dores, sei do mal estar físico e nítido de uma nescessidade tão urgente quanto o mp3 nas minhas viagens diárias em ônibus abarrotados de trabalhadores assalariados como eu. Na verdade ainda não sei lidar muito bem com toda essa tempestade de bem querer, de nenhuma das partes, dele e minha. Então surge o ciúme, o trocar tudo pela presença do outro, os domingos embaixo do lençol.. Pois é, tudo tem seu lado bom também e talvez por isso eu tenha embarcado nessa. Mas não tem jeito, não aguentamos a distância, a falta da voz querida do outro para reconfortar a tarde, os passeios aos sábados, os beijos tão repletos de carinho e urgência que tiram meu fôlego..Sei que ele sempre será o passarinho que pousa na minha janela pedindo abrigo da chuva, para voltar depois num dia mais florido, me trazendo um lindo sorriso dentro do seu canto tão sutil.